Aldeia COP garante hospedagem de 3 mil indígenas que participarão da COP30, em Belém (PA)
- Solano Ferreira
- 6 de set.
- 3 min de leitura
Iniciativa articulada pelo Ministério dos Povos Indígenas avança na questão da infraestrutura para que os povos possam incidir diretamente no debate climático global

A Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP30, que acontece em novembro deste ano , contará com a maior participação indígena da história do das COPs, com previsão de 3 mil pessoas de diferentes povos do Brasil e do mundo.
Para contornar os problemas de hospedagem e garantir que os indígenas que chegarem à Conferência, indicados e articulados por suas referidas organizações de base, tenham alojamento garantido, o Ministério dos Povos Indígenas (MPI), junto à Universidade Federal do Pará (UFPA) e a Secretaria Estadual de Povos Indígenas do Pará (SEPI), vem realizando uma série de diálogos e articulações para a construção da Aldeia COP – um espaço de hospedagem e de realização de atividades culturais, políticas e espirituais durante a COP30.
O local que irá abrigar os indígenas é a Escola de Aplicação da UFPA. O espaço possui uma área total de 72.695 m², com área construída de 14.903,81 m². A infraestrutura conta com cerca de 60 salas de aula climatizadas, 13 laboratórios, complexo de artes, serviço médico e refeitório. Há ainda dois conjuntos de quadras cobertas, um campo de futebol e parquinho. O espaço passará por obras coordenadas pelo MPI para ampliar ainda mais as condições de alojamento e acolher a delegação indígena, com previsão de início neste mês de setembro.
Somam-se a essa mobilização a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) e a Federação dos Povos Indígenas do Pará (FEPIPA), fortalecendo a mobilização e a logística necessárias para garantir a presença indígena."A Aldeia COP 30 terá a nossa identidade indígena e será uma referência da diversidade de povos do Brasil, aberta a visitação para todos que quiserem conhecer mais sobre os povos indígenas do Brasil. Ali vamos receber também os parentes internacionais. Estamos organizando tudo com muito carinho, com muito gosto, para ser um espaço bonito, digno, com ótimo acolhimento e com uma agenda totalmente conectada com as discussões dos outros espaços.Vamos construir a maior e melhor participação indígena na história das COPs", afirma a ministra Sonia Guajajara.
Com a Aldeia COP e a superação do desafio de hospedagem, os povos indígenas dedicarão sua atenção e mobilização para seguirem debatendo os temas relevantes da COP e do combate à emergência climática para que esta conferência, de fato, tenha acordos e encaminhamentos que possibilitem o compromisso dos países ricos com políticas de conservação da floresta e garantia de um futuro para a vida na Terra. Temas como a proteção de territórios indígenas como política oficial, financiamento climático e a valorização das soluções milenares dos povos indígenas estarão na pauta para os debates globais sobre clima, biodiversidade e justiça socioambiental.
Outros espaços
A presença indígena vem sendo fortalecida também por meio do Círculo dos Povos e da Comissão Internacional Indígena, presididos pela ministra Sonia Guajajara, instâncias oficiais da Presidência da COP30, que asseguram a representação direta de povos indígenas, comunidades tradicionais e afrodescendentes na conferência. São espaços inéditos de escuta, articulação e influência nas decisões multilaterais, garantindo que a sabedoria ancestral e os direitos dos povos estejam no centro das soluções climáticas globais.
Além dessas iniciativas, o MPI vem desenvolvendo ações estratégicas para fortalecer a presença indígena em espaços de decisão, como o Programa Kuntari Katu, voltado à formação de líderes indígenas nos temas relacionados à governança global. E, desde abril, com a realização do Ciclo COParente, vem percorrendo todas as regiões do Brasil com o objetivo de articular, informar, debater e mobilizar a participação indígena para a COP 30 e para obter mais incidência na governança ambiental global.
A Aldeia COP é mais uma iniciativa para promover a maior e melhor participação indígena da história das COP e contará com uma ampla programação cultural e debates com importantes atores da pauta ambiental e social, reforçando o protagonismo indígena como parte fundamental da construção de soluções para a crise climática.










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