
* Por Solano Ferreira
Quando se fala em infraestrutura na Amazônia envolve dois olhares, sendo, a necessidade de oferecer condições propícias para o desenvolvimento socioeconômico e o impacto que as obras estruturantes causam no meio ambiente. É difícil medir qual o impacto a ser mitigado, uma vez que, os povos que escolheram viver na Amazônia precisam do bem-viver, e, de outro lado, a preservação do meio natural é uma necessidade global.
Nesse viés inclui as importantes obras de asfaltamento das rodovias BR-319 (Manaus-Porto Velho) e a Transamazônica (BR-320). As duas rodovias são necessárias para a integração da Amazônia com as demais regiões brasileiras e para agilizar o transporte rodoviário para escoamentos de produção e traslados de pessoas. Por questões ambientais, essas obras estão emperradas, principalmente pelo efeito espinha de peixe.
Espinha de peixe
Difundido no meio cientifico, o efeito espinha de peixe é a paisagem do desmatamento que ocorre quando são abertas estradas a partir da estrutura espacial das rodovias principais, formando um mosaico de áreas desmatadas em meio a floresta nativa. Isso ocorre porquê, com a chegada da rodovia principal, as populações vão embrenhando em novos espaços de expansão agrícola.
Impacto da BR-319
A preocupação ambiental é pertinente quando se fala em rodovias na Amazônia. É atribuído à BR-319, o impacto do desmatamento no sul do Amazonas. A estimativa é que 87% do desmatamento na Amazônia ocorre nas proximidades desta rodovia, afetando diretamente as florestas públicas não destinadas (FPND). A ocupação ilegal impacta 52% das florestas preservadas e 77% das florestas estaduais, sendo indícios de invasões e grilagens de terras públicas.
Estrada parque
A alternativa é implantar modelos de rodovias que possam aliar desenvolvimento socioeconômico regional com preservação ambiental. Um dos modelos que pode ser aplicado é de estrada parque, um tipo de rodovia com formato determinado levando em conta aspectos a serem preservados, principalmente, fatores históricos, culturais e ambientais. Essa alternativa pode beneficiar a Amazônia e outros biomas que sofrem a pressão do desenvolvimento impulsionado por rodovias.
* Solano Ferreira é jornalista, professor, especialista em Jornalismo e Mídia, e Mestre em Geografia.
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