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ARCOmadrid 2025 celebra a Amazônia

  • Foto do escritor: Solano Ferreira
    Solano Ferreira
  • 4 de mar.
  • 4 min de leitura

A Danielian Galeria participa da seção Wametisé: ideas para un amazofuturismo com curadoria de Denilson Baniwa e María Wills com trabalhos da série Brasil Nativo Brasil Alienígena, da artista Anna Bella Geiger

Anna Bella Geiger - História do Brasil_ Little Boys & Girls - 1975 - fotomontagem - ass. E datado no verso - 20x24 cm - Ed.12 15
Anna Bella Geiger - História do Brasil_ Little Boys & Girls - 1975 - fotomontagem - ass. E datado no verso - 20x24 cm - Ed.12 15

A 44ª edição da Feira Internacional de Arte Contemporânea da Espanha tem a Amazônia como tema central. " Wametisé: ideas para un amazofuturismo" reúne artistas e galerias para propor uma reflexão sobre novas formas de criação que representam existências híbridas – entre corpos humanos, vegetais, físicos e metafísicos. O projeto explora novas maneiras de enxergar o mundo, inspiradas nos modos de vida passados e presentes da Amazônia, onde a identidade se constrói a partir da interconexão entre os seres.

 

A seção é curada por Denilson Baniwa e María Wills, com a colaboração do Instituto de Estudos Pós-Naturais, responsável pela arquitetura do espaço, a coordenação do Fórum e a concepção de uma publicação especial dedicada ao projeto. O conceito de Wametisé surge como um exercício de nomeação dessas práticas, visando facilitar processos criativos que possibilitem a construção de Mundos em Transformação.

 

A obra de Anna Bella Geiger, uma das vozes mais contundentes da arte conceitual brasileira, ecoa um território em disputa. Na ARCOmadrid 2025, pela Galeria Danielian, sua participação na exposição insere-se nesse debate urgente: a Amazônia, não como utopia futura, mas como resistência contínua.

 

Geiger, descendente de tribos judaicas da Judeia, estabelece um paralelo entre os processos de diáspora e deslocamento de sua própria ancestralidade e a luta dos povos indígenas brasileiros pela sobrevivência e autodeterminação. Desde os anos 1970, sua série Brasil Nativo Brasil Alienígena desloca as narrativas hegemônicas, confrontando a visão colonial e denunciando a exclusão sistemática das culturas originárias.

 

Seu trabalho, que transita entre postais, cadernos de artista e experimentações conceituais, investiga o espaço simbólico e real do território, refletindo sobre pertencimento, exclusão e identidade reafirma a potência política da arte como um ato de resistência e consciência histórica. Para Geiger “não existe uma Amazônia do futuro. O que existe é um presente premente”. 

Wametisé: ideias para um amazofuturismo 

Wametisé, segundo a cosmogonia de alguns povos do Alto Rio Negro, no Amazonas, faz referência à criação do mundo, onde a grande serpente, que carregava a humanidade em seu ventre, posicionava cada pessoa em seus territórios. Ao sair da boca da serpente, cada indivíduo se apresentava e nomeava o lugar onde viveria. Wametisé significa, literalmente, "lugares nomeados" e remete ao tempo e ao território de ocupação das humanidades em cada espaço.

Diante da crescente presença de pessoas de origem indígena ou amazônica no mundo da arte, parece haver uma “nomeação” ou necessidade de ir a esses lugares ocupados por sensibilidades alternativas e buscar novas identidades inspiradas no pensamento dos povos originários. Para os Tukano, isso se expressa no Hóri (o fazer e pensar imagens belas e sagradas); para os Huni Kuin, é o Kené, entre outras denominações que nos ajudam a imaginar novos vocabulários e simbologias para o universo das artes. 

Da mesma forma, a partir das cosmologias indígenas, cujas concepções de mundo estão enraizadas na potência da bacia amazônica, podemos conceber novas formas de criação que representem existências híbridas, baseadas na união entre corpos humanos, vegetais, físicos e metafísicos. As obras que integrarão esta seção apresentarão novas possibilidades de ver o mundo, inspiradas nas formas de vida passadas e presentes da Amazônia, onde a identidade se constrói a partir da conexão entre seres que projetam um futuro coletivo, com narrativas curativas e profundamente renovadoras. Através de abordagens críticas, propõem-se práticas mais plurais para a arte contemporânea. Wametisé surge, assim, como um exercício de nomear essas práticas para possibilitar a criação de “Mundos em Transformação”. 

A Amazônia é um grande ente, uma causa coletiva, cuja real custódia sempre esteve nas mãos das comunidades que a habitam. O amazofuturismo apresentará criações inspiradas na urgência de reconhecer florestas, rios e territórios naturais como sujeitos de direitos, em oposição à exploração desmedida de seus recursos. É essencial projetar as lutas que impulsionem mudanças de consciência diante da emergência ambiental contemporânea, utilizando novas nomeações que compreendam a sustentabilidade a partir de uma perspectiva crítica ao antropoceno. A proposta busca espaços para novos universos materiais e espirituais, nos quais o objeto artístico seja compreendido para além de sua mera existência física.

María Wills e Denilson Baniwa - curadores


Sobre Danielian

 

A trajetória dos irmãos Luiz e Ludwig Danielian tem raízes na coleção de seus pais, que sempre priorizaram a arte brasileira. Entre os nomes presentes no acervo familiar estão Manoel da Costa Ataíde, Pedro Américo, Rodolfo Amoedo, Alfredo Volpi, Tarsila do Amaral, Almeida Junior, Pedro Weingärtner e Djanira da Motta Silva.


Desde cedo, os irmãos cresceram próximos à linguagem artística, ouvindo debates sobre estilos e técnicas. Aos 17 e 24 anos, abriram a primeira galeria em Copacabana, onde permaneceram por 14 anos. A busca por um espaço que comportasse exposições simultâneas e uma reserva técnica significativa levou à inauguração da Danielian Galeria na Gávea, em 2019, ocupando 1200 m2. Em 2024, expandem suas atividades para São Paulo, estabelecendo um novo espaço na Rua Estados Unidos. A galeria consolida sua presença no mercado de arte, conectando artistas, colecionadores e público em âmbito nacional e internacional.


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