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As emissões de carbono na agricultura brasileira são estimadas em 11,54 dólares por tonelada

  • Foto do escritor: Solano Ferreira
    Solano Ferreira
  • 14 de mar.
  • 4 min de leitura

Foto: Wenderson Araújo/Sistema CNA/Senar

Além do PIB e do nível de emissões de CO2, são considerados nos estudos a participação da agricultura na economia e o uso de fertilizantes nitrogenados
Além do PIB e do nível de emissões de CO2, são considerados nos estudos a participação da agricultura na economia e o uso de fertilizantes nitrogenados

O preço das emissões de carbono na agropecuária brasileira foi estimado em 11,54 dólares por tonelada de gás carbônico equivalente (US$ 11,54/tCO2e). Esse valor foi calculado por um estudo da Embrapa Territorial (SP) baseado em trabalhos científicos de diversos países. Foram analisados ​​valores, métodos de cálculo e fatores que determinam o preço do carbono emitido pela agricultura ao redor do mundo. O trabalho foi publicado no primeiro número de 2025 da Revista de Economia e Sociologia Rural , editada pela Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural (Sober) ( leia o artigo aqui ).


A economista Daniela Tatiane de Souza , analista da Embrapa, relata que poucos estudos se baseiam em critérios científicos e sistemáticos para precificar as emissões de carbono na agropecuária. “Ter uma estimativa de valor é importante para que as empresas e instituições que queiram desenvolver programas e políticas de incentivo a práticas sustentáveis ​​tenham preços de referência”, explica.


Como o estudo foi realizado?


A equipe da Embrapa contribuiu com uma revisão sistemática de publicações científicas sobre precificação do carbono na agropecuária ao redor do mundo, a partir de fontes como Science Direct, Web of Science, Springer, Wiley Online e Google Scholar. A pesquisa levou em conta diferentes metodologias para a precificação, incluindo custo marginal de abatimento, modelos de avaliação integrados e preço sombra. Foram selecionados 32 estudos, abarcando o período entre 2004 e 2024. O maior número de trabalhos tem origem na China, Austrália e Reino Unido.


Os valores encontrados para uma tonelada de CO2 equivalentes variam bastante: de US$ 2,60 e US$ 157,50/tCO2e. Souza explica que isso é natural, já que os artigos estudados utilizam métodos diferentes e tratam da agricultura em países com níveis de adoção de tecnologias diversas. O trabalho atualizou os valores monetários referentes a diferentes períodos para o equivalente no ano de 2024.


Uma revisão sistemática revelou os principais fatores que influenciam o custo das emissões de carbono na agropecuária. O principal deles é o Produto Interno Bruto (PIB) de cada país. “Qualquer variação no PIB afeta o preço do carbono. Verificou-se que as economias maiores tendem a ter preços de carbono mais baixos.


Para estimar o preço do carbono para uma agropecuária brasileira, uma equipe da Embrapa Territorial utilizou esses fatores determinantes globais. Com dados próprios do Brasil e adotando um modelo econométrico, chegou-se ao preço de US$ 11,54/tCO2e. De acordo com Souza, o valor é próximo do que tem sido oferecido no mercado voluntário internacional de carbono, para a agricultura.

“É importante considerar que, em alguns casos, o aumento do nível tecnológico de produção pode elevar as emissões. Mas, quando pensamos na sustentabilidade de forma mais ampla, isso é compensado com ganhos na produtividade e maior sequestro de carbono nos sistemas agropecuários”, pondera o chefe-geral da Embrapa Territorial, Gustavo Spadotti . “Por isso, também fizemos pesquisas aqui para mensurar o carbono capturado, permitindo uma visão completa do balanço de carbono nos sistemas de produção do Brasil”, complementa.

 

Por que o precificar o carbono?

Por ser o gás de efeito estufa (GEE) mais emitido na atmosfera desde o início da industrialização, o gás carboidrato tornou-se indicador ambiental. Para efeitos comparativos e uniformização no mercado, a geração de outros GEE e agentes causadores de impacto ambiental são convertidos em toneladas de CO2 equivalentes para mensuração e valorização. Ao estimar o preço do carbono de uma atividade econômica, cria-se um incentivo financeiro para se investir em tecnologias e práticas mais sustentáveis. Por exemplo, a melhoria nas práticas de adubação para diminuir o uso de nitrogênio e a emissão de óxido nitroso – outro importante GEE – para a atmosfera.

“Como a redução das emissões de GEE e a remoção de CO2 da atmosfera têm um custo (social, econômico e ambiental), a precificação é necessária para saber quanto se deve pagar por uma tonelada de CO2 equivalente que deixou de ser emitida ou que foi removida da atmosfera por uma atividade ou projeto. A precificação de carbono serve de referência para quem vai receber e para quem vai pagar por isso. É claro que ela é apenas uma referência, pois quando já se tem o certificado de remessa reduzida (CER), você pode negociar valores maiores do que quem ainda vai iniciar um projeto”, detalha o pesquisador da Embrapa  Lauro Rodrigues Nogueira Júnior . “Esse valor serve também para programas governamentais de redução de emissões que precisam de referências, assim como para os programas de pagamento por serviços ambientais que vêm sendo implementados no Brasil”, complementa.

 

Este é o segundo estudo publicado pela Embrapa Territorial com a precificação do Carbono no setor rural. Em 2024, o mesmo grupo de pesquisa estimou o valor para uma das principais cadeias produtivas do agronegócio nacional: a da laranja. Para a citricultura brasileira,  o preço calculado foi de US$ 7,72/tCO2e . O centro de pesquisa também mensurou o estoque de carbono no cinturão citrícola brasileiro, em parceria com o Fundo de Defesa da Citricultura ( Fundecitrus ), e com o apoio financeiro Fundo de Inovação para Agricultores da empresa  Innocent Drinks , do Reino Unido. O volume de carbono nos pomares, no solo e nas áreas com vegetação nativa nas fazendas produtoras da fruta foi estimado em  36 milhões de toneladas .


Assista ao vídeo abaixo:

 



 


Vivian Chies (MTb 42.643/SP) - Embrapa Territorial

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