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Estudo destaca importância de protagonismo indígena nas discussões sobre bioeconomia

  • Foto do escritor: Solano Ferreira
    Solano Ferreira
  • 22 de fev. de 2024
  • 3 min de leitura

São Paulo, 22 de fevereiro de 2024 - O conceito de bioeconomia tem sido muito debatido por diferentes setores da sociedade, mas a visão dos povos originários, profundos conhecedores do tema, não tem recebido o devido espaço. Para reforçar sua perspectiva, os antropólogos indígenas Braulina Baniwa e Francisco Apurinã, em colaboração com WRI Brasil, Uma Concertação Pela Amazônia e parceiros, produziram o estudo Bioeconomia indígena: saberes ancestrais e tecnologias sociais, que reforça a importância da cosmovisão, do bem viver e de conhecimentos, práticas e tecnologias sociais nutridos pela sofisticada oralidade indígena à luz das discussões atuais sobre a economia da floresta em pé e dos rios fluindo.

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Bioeconomia
A visão dos povos originários não tem recebido o devido espaço nas discussões sobre a bioeconomia.

O trabalho traz elementos importantes para debates sobre políticas públicas como a Política Nacional de Bioeconomia, o Plano de Transformação Ecológica e a Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas. A publicação destaca, entre outros, que as sociedades indígenas detêm amplo conhecimento, sabedoria e tradição para prosperarem na floresta e, desse modo, o que chamamos de bioeconomia se confunde com o próprio conceito indígena de economia. “Garantir o fortalecimento da bioeconomia por meio do conhecimento ancestral indígena é o mesmo que garantir o manejo, a manutenção e sustentabilidade da natureza ou daquilo que se convencionou chamar de meio ambiente e biodiversidade”, ressalta Apurinã.


Se no passado a economia indígena era dedicada à subsistência, consumo interno e trocas, na última década muitos povos indígenas passaram a comercializar o excedente da produção. Embora não haja estatísticas sobre o tamanho desse mercado, a venda de produtos extraídos de territórios indígenas vem ocorrendo em maior escala, transformando-se em negócios, como é o caso do café produzido pelo povo indígena Paiter-Suruí, de Rondônia, para a marca 3 Corações; da pimenta Baniwa, um patrimônio da floresta que já é distribuído nos Estados Unidos e em 7 estados do Brasil; e dos grafismos estampados nas

indumentárias confeccionadas pelo povo Yawanawa, do Acre.


Além dessas experiências, o documento cita exemplos como o aç aí e a castanha-do-brasil, que sã o comercializadas em grande escala; os festivais de cantos e danças, que atraem pessoas de vá rias partes do mundo; os diversos tipos de artesanatos (cocares, pulseiras, anéis, colares, brincos, cestarias, cerâ micas e artes esculpidas em madeira); além do uso e a comercialização da medicina indígena e, mais recentemente, o ecoturismo, que vem sendo desenvolvido por alguns povos e atraí do visitantes.


Porém, apesar de sua relevância, ainda há muitos desafios para que as economias, produções e modos de vida indígenas sejam de fato reconhecidos. O documento aponta que, diferentemente da lógica capitalista, cuja produção visa o lucro e o acúmulo de capital, a economia indígena é baseada em um modo de produção sustentável, que ocorre no ritmo das aldeias, em harmonia com a natureza e norteada por ganhos suficientes para o bem viver coletivo. A bioeconomia que contempla a visão dos indígenas é definida pelos processos - e não pelos produtos.


O estudo será lançado no dia 22 de fevereiro, em webinar da série de debates on-line Notas Amazônicas, produzida pela Página 22. Nele, os autores e Marcos Kaingang, Secretário Nacional de Direitos Territoriais Indígenas do Ministério dos Povos Indígenas, irão debater as conclusões da publicação, com a moderação de Ariene Susui, ativista indígena, jornalista independente com foco na Amazônia e co-fundadora da Rede de comunicadores indígenas de Roraima Wakywaa. A íntegra do encontro, que será transmitido ao vivo pelo canal do YouTube da Página 22, será disponibilizada após seu encerramento em https://concertacaoamazonia.com.br/atuacao/notas-amazonicas/.


Para acessar o estudo, clique AQUI


Sobre o WRI Brasil

O WRI Brasil é um instituto de pesquisa que trabalha em parceria para gerar transformação. Atua no desenvolvimento de estudos e implementação de soluções para que as pessoas tenham o essencial para viver, para proteger e restaurar a natureza, pelo equilíbrio do clima e por comunidades resilientes. Alia excelência técnica à articulação política e trabalha com governos, empresas, academia e sociedade civil. O WRI Brasil faz parte do World Resources Institute (WRI). Fundado em 1982, o WRI conta com cerca de 1,7 mil profissionais pelo mundo, com escritórios no Brasil, China, Colômbia, Índia, Indonésia, México e Estados Unidos, além de escritórios regionais na África e na Europa. Mais

informações em: www.wribrasil.org.br.


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É uma rede de mais de 700 lideranças formada na perspectiva de qualificar o debate em torno de soluções à conservação e desenvolvimento sustentável das Amazônias, com impacto na agenda socioeconômica do país e no bem-estar planetário. É também um espaço democrático e plural em que centenas de pessoas e iniciativas se encontram com o intuito de desfragmentar o debate e as ações para o território. https://concertacaoamazonia.com.br/


Por AViV Comunicação

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