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Povos indígenas lançam mobilização por ações climáticas decisivas durante Cúpula do G20

Foto do escritor: Solano FerreiraSolano Ferreira
povos indígenas
Movimento indígena brasileiro faz um chamado global para ações decisivas contra a crise climática, como decretar o fim da era dos combustíveis fósseis e uma transição energética justa, reivindicar financiamento climático direto e mais ambicioso para os povos indígenas, além do reconhecimento da sua autoridade climática e de seus territórios na proteção da vida no planeta.






















Com um protesto simbólico, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) realizou hoje uma manifestação pacífica no Rio de Janeiro para denunciar a falta de ação das nações mais ricas e poluentes do mundo no enfrentamento da crise climática global. A imagem de líderes de países ricos e poluidores – China, Estados Unidos, Índia, União Europeia, Rússia e Japão – foram colocadas na água, em frente ao Pão de Açúcar, para evidenciar que a crise climática é também uma crise de liderança e de valores.


A ação acontece dois dias antes da reunião de cúpula do G20, grupo das maiores economias do mundo, que acontecerá na mesma cidade, e marca o lançamento da mobilização indígena rumo à 30ª Conferência do Clima (COP-30), que acontecerá no Brasil no ano que vem. O grupo exige que a demarcação de terras indígenas seja reconhecida como política climática e solução efetiva contra a crise climática e reivindica um papel ativo e de liderança nas decisões globais que afetam o futuro do planeta. 


"Com o colapso iminente das condições de vida no mundo, ações fortes e efetivas precisam ser tomadas. Não haverá preservação da vida em um planeta em chamas", afirma a declaração do movimento indígena brasileiro lançada hoje. "Nós nunca abdicamos de defender a vida e não vamos nos perder em discussões vazias e compromissos estéreis. Enquanto os governos continuam querendo mediar metas insuficientes e financiamentos vazios, queremos anunciar que, a partir de agora, nós vamos assumir a liderança para uma mobilização global pela vida no planeta". 


A campanha "A Resposta Somos Nós" exige um compromisso verdadeiro com o futuro do planeta, destacando a necessidade de ação imediata e a centralidade dos povos indígenas no combate à crise ambiental. 


A íntegra do chamado indígena pode ser acessada no site oficial da campanha: arespostasomosnos.org

 

Com os países do G20 representando mais de 80% da riqueza mundial e sendo responsáveis por cerca de 80% das emissões de gases de efeito estufa, a pressão por soluções reais nunca foi tão grande.

 

Um estudo do Independent High-Level Expert Group on Climate Finance, vinculado à ONU, aponta que os países em desenvolvimento precisarão de investimentos de US$ 2,4 trilhões por ano até 2030 (sem contar a China) para enfrentar a crise climática. Esses recursos seriam destinados à conservação da natureza, transição para energia renovável e adaptação às mudanças climáticas. 


Apesar disso, o recente fracasso na COP da Biodiversidade, em outubro, e os US$ 7 trilhões em subsídios dados às petroleiras em 2022, mostram que o nível de compromisso global com o financiamento climático e de biodiversidade ainda é muito baixo.

 

"É urgente corrigir essa política que coloca os lucros de grandes empresas acima da proteção das populações. As nações mais ricas precisam assumir sua responsabilidade e financiar soluções climáticas para os povos que, como os indígenas, estão na linha de frente da crise", afirma Dinaman Tuxá, coordenador executivo da APIB. 


Durante a COP26, em 2021, uma promessa de US$ 1,7 bilhão foi feita por países como Reino Unido, EUA, Alemanha, Noruega e Países Baixos, para apoiar povos indígenas. No entanto, apenas 7% desse valor foi diretamente destinado às organizações indígenas, sem intermediários.

 

"O dinheiro existe, mas não está indo para onde deveria. Chega de empurrar o problema para a próxima geração. Precisamos de coragem política, especialmente das nações mais ricas, para eliminar de vez o uso de combustíveis fósseis, acelerar uma transição justa e financiar aqueles que mais tem feito no enfrentamento da crise climática. Nós somos as verdadeiras autoridades climáticas", conclui Kleber Karipuna, coordenador executivo da APIB.


Hoje foi um dia movimentado no Rio de Janeiro. Entre uma passeata na praia de Copacabana e esta manifestação indígena em Botafogo, mais de 10.000 pessoas se reuniram para protestar contra o G20 e a falta de ação climática na COP29.

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