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Produção e conservação podem caminhar juntas na propriedade rural?

  • Foto do escritor: Solano Ferreira
    Solano Ferreira
  • 7 de jun.
  • 4 min de leitura
Variação temporal dos efeitos das BPAs com uso do Webambiente para diagnóstico ambiental e recomposição da APP e Reserva Legal. - Imagens: Acervo/Pesquisadores
Variação temporal dos efeitos das BPAs com uso do Webambiente para diagnóstico ambiental e recomposição da APP e Reserva Legal. - Imagens: Acervo/Pesquisadores

 

Pesquisadores da Embrapa 

 

 

Nos últimos 50 anos, a Embrapa Cerrados tem desempenhado um papel essencial na construção de uma agricultura produtiva e ambientalmente sustentável no bioma Cerrado. Essa trajetória de sucesso foi alicerçada em parcerias estratégicas com instituições públicas e privadas, bem como na integração multidisciplinar entre as áreas de produção vegetal, animal e conservação dos recursos naturais.


Em 2025, celebramos cinco décadas de contribuições relevantes para a agricultura brasileira e para o conhecimento sobre os recursos naturais. Com apoio de parcerias nacionais e internacionais, nossa unidade consolidou um amplo repertório técnico sobre o uso direto e indireto desses recursos, sempre alinhado à adoção de Boas Práticas Agropecuárias (BPAs) que garantem não apenas a qualidade da produção agrícola, mas também a sustentabilidade ambiental.


Neste 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, instituído pela ONU durante a histórica Conferência de Estocolmo em 1972, reforçamos a importância dos recursos naturais (solo, água, biodiversidade, clima) como base dos serviços ecossistêmicos que sustentam o bem-estar da humanidade. Os serviços ecossistêmicos são os benefícios oferecidos pelos ecossistemas à sociedade. Entre eles, destacam-se os serviços de provisão (como alimentos, fibras e madeira), de regulação (como o controle do clima, das enchentes e a polinização), de suporte (como a formação do solo e habitats para a fauna) e os serviços culturais (como o turismo ecológico, a contemplação da paisagem e valores educacionais e espirituais).


Nas propriedades rurais, esses serviços podem ser mantidos e até potencializados por meio da adoção das BPAs. Definidas pela Portaria MAPA nº 337/2021, essas práticas compreendem um conjunto de princípios, normas e recomendações técnicas que orientam a produção agropecuária de forma sustentável, considerando três pilares fundamentais: preservação ambiental, saúde e segurança do trabalhador rural e oferta de alimentos seguros ao consumidor.


Entre as práticas recomendadas, destacam-se a rotação de culturas, que favorece a fertilidade do solo e reduz pragas; a proteção de nascentes e mananciais, garantindo água de qualidade; e a cobertura vegetal permanente, que previne a erosão e conserva a biodiversidade. A manutenção de áreas nativas em Reservas Legais (RLs) e Áreas de Preservação Permanente (APPs) também é fundamental para a conectividade ecológica e a regulação climática.


Nesse contexto, a recomposição da vegetação nativa é uma estratégia-chave para restaurar a funcionalidade ecológica das propriedades e ampliar a oferta de serviços ecossistêmicos. Essa prática contribui diretamente para a recuperação de APPs e RLs, promovendo a proteção de nascentes, a conectividade de habitats e o controle da erosão.


Para apoiar os produtores nesse processo, ferramentas como o WebAmbiente, plataforma desenvolvida pela Embrapa e parceiros, oferecem orientações sobre métodos de recomposição e uso de espécies nativas adaptadas às condições locais. A plataforma traz benefício para diversos públicos (Tabela 1). Ela reúne quase 11 mil usuários e disponibiliza descrições de cerca de 800 espécies nativas dos biomas brasileiros, além de estratégias de recomposição e uma biblioteca digital com mais de 400 experiências práticas, inclusive a formação de Sistemas Agroflorestais.


A nova versão da plataforma, prevista para o segundo semestre de 2025, trará recursos ainda mais interativos. O usuário poderá gerar um projeto de intervenção personalizado, com seleção de espécies nativas (incluindo informações sobre porte, usos, dispersão etc.), sugestões de arranjos espaciais, espaçamentos e orientações de manejo pós-plantio, como controle de espécies exóticas e manutenção da área restaurada.


Já projetos como o Paisagens Rurais, fruto da parceria entre SFB, MAPA, Senar, Embrapa e Inpe, mostram como a interface entre ciência e campo pode transformar a realidade rural. Com foco no planejamento de longo prazo, esses projetos ajudam a criar cenários sustentáveis, com aumento da biodiversidade funcional, resiliência climática e valorização ambiental das propriedades. Assim, a adoção das BPAs, aliada à tecnologia e ao conhecimento técnico, se consolida como catalisadora de uma agricultura que produz, conserva e inova.


Neste Dia Mundial do Meio Ambiente, compartilhamos com o leitor a visão da pesquisa científica de que a propriedade rural deve ser vista como um sistema integrado, onde cada componente interage e se complementa. A adoção de boas práticas traz resultados concretos: aumento de produtividade, redução de custos, valorização da terra, resiliência climática e acesso a mercados que valorizam a sustentabilidade.


É importante atentar para o fato de que as boas práticas agrícolas vão além de normas técnicas: são um investimento estratégico que une produção eficiente, conservação da natureza e responsabilidade social, posicionando o agronegócio brasileiro como referência em sustentabilidade no cenário global.


Já a transição para sistemas mais integrados exige diagnóstico preciso da propriedade, planejamento, tecnologias sustentáveis e monitoramento contínuo. A adoção de sistemas integrados como a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), aliada ao manejo conservacionista e à recuperação de áreas degradadas, fortalece essa transição, promovendo simultaneamente produtividade e conservação ambiental. No bioma Cerrado, essas práticas demonstram como é possível harmonizar produção agrícola e conservação ambiental.


O compromisso com métodos responsáveis garante um legado duradouro, onde a produtividade anda lado a lado com a preservação dos recursos naturais, beneficiando tanto a geração atual quanto as futuras. Dessa forma, o produtor rural que segue esse caminho sustentável não apenas melhora seus resultados econômicos, mas também se torna um guardião do patrimônio natural brasileiro. Um Cerrado que produz e conserva com boas práticas agropecuárias garante serviços ecossistêmicos para o meio ambiente hoje e para as futuras gerações.



Embrapa Cerrados

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