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Variante pálida do Aedes aegypti é registrada pela primeira vez na Amazônia

  • Foto do escritor: Solano Ferreira
    Solano Ferreira
  • há 1 hora
  • 3 min de leitura
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Foto: José Ferreira Saraiva e colaboradores


Pela primeira vez, cientistas identificaram na Amazônia a forma pálida do mosquito transmissor de doenças como dengue, zika, chikungunya e febre amarela, o Aedes aegypti var. queenslandensis. O achado, feito em Macapá por pesquisadores do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (IEPA) em colaboração com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), a Secretaria Municipal de Vigilância em Saúde de Macapá (SMVS) e o Laboratório de Saúde Pública do Amapá (Lacen/AP), foi publicado na Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical.


A equipe instalou armadilhas em um fragmento florestal urbano de Macapá entre 19 e 24 de dezembro de 2024 e capturou 191 exemplares da variedade pálida do mosquito, confirmando a presença desse fenótipo na região. Até então, a variedade havia sido registrada no Brasil somente em Taubaté (SP), em 2020. Globalmente, ela é associada a ambientes urbanos quentes e secos, como os da Austrália e do Mediterrâneo.


O pesquisador José Ferreira Saraiva, autor principal do estudo, explica que a variante se diferencia pelo padrão de escamas claras no abdômen, enquanto a forma predominante no Brasil é escura. “Até o momento, não há evidências de que a variedade seja mais resistente a inseticidas ou transmita doenças com mais eficiência”, afirma.  


“No entanto, por estar associada a ambientes urbanos e regiões quentes, como a Austrália e o Mediterrâneo, sua presença na Amazônia acende um alerta para possível ampliação da faixa de distribuição e da sazonalidade, especialmente durante a estação mais quente e seca do ano, já que esta é uma variedade mais resiliente a essas condições”, ressalta.

Os autores sugerem que a variedade pode ter chegado à região pelo porto de Santana, a apenas 9,5 km do local da coleta, um dos principais pontos de entrada de embarcações internacionais. Em 2019, o porto já havia sido a porta de entrada de outro mosquito, o Aedes albopictus, hoje amplamente disseminado em Macapá.


Para os cientistas, a presença da variedade evidencia a urgência de fortalecer a vigilância entomológica (de insetos) em portos, aeroportos e áreas estratégicas, com inspeções regulares e instalação de armadilhas. Saraiva lembra que o papel da população continua central no controle tanto da variante pálida quanto das formas clássicas. 


“A medida mais eficaz continua sendo a eliminação sistemática de água parada ao menos uma vez por semana, mantendo quintais sem lixo ou entulho e guardando objetos sob cobertura”, orienta. “A proteção individual também deve incluir telas em portas e janelas, o uso correto de repelentes e roupas de mangas compridas, quando possível.”


Os próximos passos da pesquisa incluem ampliar a vigilância entomológica em Macapá e no porto de Santana com coletas trimestrais e análises genéticas para rastrear a origem da variedade e sua conectividade com outras regiões. “Precisamos compreender como essa população se integra à já existente e se apresenta riscos adicionais para o controle de arboviroses”, conclui Saraiva.


Após a conclusão do projeto que levou à descoberta, o pesquisador explica que a equipe pretende gerar novos dados para apoiar o modelamento da presença e da possível expansão de Aedes aegypti var. queenslandensis, estimando abundância, sazonalidade e a proporção entre a forma pálida e a típica. “Os próximos preveem vigilância entomológica contínua nos fragmentos florestais urbanos de Macapá e na área portuária de Santana, com coletas trimestrais”.


Os cientistas também planejam realizar análises genéticas. “Os resultados deverão orientar ajustes nas estratégias de vigilância e controle e serão comunicados periodicamente às autoridades sanitárias, condicionados ao suporte operacional e financeiro necessário para o projeto”, conclui.

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Variedade pálida do mosquito Aedes aegypti (Aedes aegypti var. queenslandensis), vetor de doenças como dengue, zika, chikungunya e febre amarela (Foto: José Ferria Saraiva e colaboradores)

 

Mais informações sobre a pesquisa - DOI: https://doi.org/10.1590/0037-8682-0059-2025


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