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67% das terras indígenas do Cerrado enfrentam aumento do fogo

  • Foto do escritor: Solano Ferreira
    Solano Ferreira
  • 27 de out. de 2024
  • 3 min de leitura

Entre janeiro e setembro de 2024, 24% dos territórios indígenas queimaram mais de 30% de sua área. O total atingido pelo fogo em terras indígenas foi superior a 2,8 milhões de hectares. 


Karina Custódio* 



63 das 93 (67%) terras indígenas do Cerrado tiveram aumento de sua área queimada entre janeiro e setembro deste ano, quando comparado com a área média queimada no mesmo período entre 2019-2023. É o que mostra análise realizada por pesquisadores do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) com dados do Monitor do Fogo da Rede Mapbiomas, da qual o Instituto faz parte. 


A análise revela que o aumento do fogo esteve presente na maioria das terras indígenas. Entre janeiro e setembro de 2024, foram queimados 2,8 milhões de hectares em terras indígenas no Cerrado, um aumento de 105% em relação ao mesmo período de 2023, quando o total queimado foi de 1 milhão de hectares. Parte do fogo em Terras indígenas no Cerrado pode ocorrer devido a estratégias de controle e prevenção de incêndios, como a queima prescrita e a controlada, feitas no final do período de chuva e início do período de seca do bioma. Com objetivo de reduzir a matéria orgânica que pode servir de combustível para incêndios. 


"Terras indígenas são as áreas mais conservadas do Brasil. O avanço do fogo fora do período de queimas prescritas e controladas pode ser uma ameaça a esses territórios no Cerrado. A implementação da Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo é fundamental nesse contexto por fortalecer as comunidades e suas práticas culturais de uso do fogo evitando incêndios catastróficos nesses territórios ". Indica Ane Alencar, diretora de Ciência do IPAM. 


A maior parte das terras indígenas que enfrentam aumento do fogo estão em Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Rancho Jacaré (MS) teve o maior crescimento, de 158.354%, com a maior parte dos 104 hectares de área queimada na TI concentram-se nos meses de Abril e Julho deste ano, meses em que a queima prescrita é feita. 


Amambai (RS) e Parque do Aripuanã (MS) possuem o segundo e terceiro maior aumento de área queimada, com 10.710% e 5.202% respectivamente. 


Maior área queimada



24% dos territórios indígenas do Cerrado queimaram mais de 30% de sua área. A TI Pimentel Barbosa teve a maior parte de sua extensão atingida pelo fogo, com 69,28% dos seus 329.119 hectares queimados de janeiro a setembro de 2024. As TIs Parabubure (MT) e Areões (MT) têm a segunda e terceira maior porcentagem de área queimada, com 67,84% e 64,91% respectivamente. 


Grande parte das terras indígenas com maior área queimada nos primeiros nove meses do ano estão em Mato Grosso e Tocantins. Com mais de 638 mil hectares queimados, o Parque do Araguaia (TO) teve a maior área atingida, seguido por Paresi (MT) e Inawebohona (TO), com respectivamente 249.508 e 236.680.


Recomendações 


Na nota técnica, pesquisadores aconselham intensificação do apoio aos órgãos ambientais responsáveis pela prevenção e combate ao fogo, alertando que, ainda que comunidades tradicionais e indígenas tenham conhecimento ancestral sobre o uso do fogo, é necessário fornecer apoio e treinamento para o combate. Viabilizando formação de brigadas, além de equipamentos e recursos adequados de modo a garantir o engajamento com as práticas do MIF (Manejo Integrado do Fogo), que previnem e controlam incêndios. 


É necessário apoiar as iniciativas de agentes ambientais indígenas e brigadas indígenas de modo a fortalecer a proteção desses territórios contra invasores e o impacto do fogo advindo dessas incursões. Outros pontos mencionados são: a intensificação do combate ao desmatamento e outras atividades ilegais que afetam esses territórios; apoio a gestão integrada e sustentável do uso do fogo e, ainda, campanhas de conscientização sobre o uso do fogo. 


Jornalista do IPAM*

63984527480 




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