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Como as mudanças climáticas afetam a Caatinga

  • Foto do escritor: Solano Ferreira
    Solano Ferreira
  • 14 de mai.
  • 3 min de leitura

Localizada predominantemente no Nordeste brasileiro, a Caatinga é um dos biomas mais emblemáticos e ricos do país. Com uma biodiversidade extraordinária e ecossistemas únicos, a região abriga cerca de 28 milhões de pessoas que dependem diretamente dos recursos naturais oferecidos por esse bioma exclusivamente brasileiro. No entanto, as mudanças climáticas têm causado impactos alarmantes na Caatinga, colocando em risco sua fauna, flora, serviços ecossistêmicos e, consequentemente, a qualidade de vida das populações locais.

 

As alterações no clima – como o aumento das temperaturas, a irregularidade das chuvas e a intensificação de eventos extremos – estão acelerando a degradação do solo, a desertificação e a perda de biodiversidade na Caatinga. O bioma já enfrenta um processo de desertificação avançado em 12,85% de sua área, o equivalente a cerca de 126 mil km², segundo dados do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens e Satélites (LAPIS/UFAL). Regiões como Irauçuba (CE), Seridó (RN/PB) e Sertão do São Francisco (BA) são apontadas como núcleos críticos desse processo, afetando diretamente mais de 30 milhões de pessoas.

 

A vegetação da Caatinga também está sob ameaça. Estudo liderado pelo professor Mário Moura, indica que, até 2060, cerca de 99% dos grupos de plantas do bioma poderão sofrer perdas significativas de espécies. Além disso, aproximadamente 40% da biodiversidade vegetal passará por um processo de homogeneização, com a substituição de espécies lenhosas por vegetação de menor porte, como arbustos e herbáceas. Essa transformação compromete a capacidade da Caatinga de realizar funções ambientais essenciais, como o sequestro de carbono, a regulação do clima, a retenção de água e a proteção do solo.

 

Os efeitos das mudanças climáticas se estendem também aos animais. Segundo estudo publicado na revista Global Change Biology, o bioma pode perder até 91,6% de suas espécies de mamíferos e 87% de seus habitats naturais até 2060. Espécies emblemáticas, como o tatu-bola e a guariba-da-caatinga, estão ameaçadas pela perda de habitat e pela fragmentação das áreas remanescentes, agravadas por secas mais longas e intensas. A escassez de alimento e água, somada à baixa conectividade entre os fragmentos florestais, dificulta a adaptação e sobrevivência das espécies.

 

Um dos grandes desafios enfrentados pela Caatinga é a escassez de áreas legalmente protegidas. Menos de 10% do bioma está resguardado por Unidades de Conservação, sendo aproximadamente 2% de Proteção Integral e 7% de Uso Sustentável, segundo o Cadastro Nacional de Unidades de Conservação (CNUC, 2024). Essa vulnerabilidade limita a capacidade de resposta da região aos impactos climáticos e compromete a resiliência de seus ecossistemas.

 

Diante desse cenário, a Associação Caatinga reforça a urgência da adoção de estratégias de adaptação e mitigação dos efeitos das mudanças climáticas. É fundamental ampliar as áreas de conservação, promover o manejo sustentável dos recursos naturais, incentivar práticas agrícolas resilientes ao clima e implementar mecanismos de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA). A educação ambiental e o engajamento das comunidades locais, em parceria com o poder público e o setor privado, também são ferramentas essenciais para garantir a conservação da Caatinga.

 

"O futuro da Caatinga depende das ações que adotarmos agora. Proteger esse bioma é proteger a vida, a biodiversidade e o equilíbrio climático não apenas do semiárido nordestino, mas de todo o planeta", frisa Samuel Portela, coordenador de conservação da biodiversidade da Associação Caatinga.

 

Sobre a Associação Caatinga

A Associação Caatinga é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, cuja missão é conservar a Caatinga, difundir suas riquezas e inspirar as pessoas a cuidar da natureza. Desde 1998, atua na proteção da Caatinga e no fomento ao desenvolvimento local sustentável, incrementando a resiliência de comunidades rurais à semiaridez e aos efeitos do aquecimento global.

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