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Culturas de cobertura aumentam a saúde do solo, sequestro de carbono e produtividade agrícola no Cerrado

  • Foto do escritor: Solano Ferreira
    Solano Ferreira
  • 5 de mai.
  • 4 min de leitura

É o que mostra uma pesquisa que vem sendo realizada em dois importantes centro de produção de soja no país: Rio Verde e Rondonópolis.

 

Diante dos desafios impostos pelas mudanças climáticas, a diversificação de cultivos através da consorciação de culturas agrícolas com plantas de cobertura, como gramíneas e leguminosas, tem se mostrado uma estratégia promissora para reduzir as emissões de gases de efeito estufa associadas à monocultura. Essa prática não só contribui para a sustentabilidade do sistema agrícola, mas também promove a saúde do solo e aumenta a resiliência das plantações. É o que mostra uma pesquisa da engenheira agrônoma Victória Santos Souza, doutoranda em Solos e Nutrição de Plantas na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (ESALQ-USP), sob a coordenação do prof. Maurício Roberto Cherubin.

 

Realizada no âmbito do programa Solução Baseada na Natureza (NBS – Nature Based Solution) do Centro de Pesquisa e Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI – Research Centre for Greenhouse Gas Innovation), a pesquisa está sendo conduzida em duas áreas experimentais localizadas em importantes centros de produção de soja: Rio Verde (GO), há seis anos, e Rondonópolis (MT), há dez anos. Ambas em áreas de Cerrado – bioma que concentra 48% da área plantada de soja no país. “O foco da pesquisa é investigar os sistemas de produção da soja com diferentes culturas de cobertura e seus efeitos no balanço de carbono e produtividade agrícola, algo essencial para entendermos como as práticas agrícolas influenciam na saúde do solo”, explica a pesquisadora.

 

Na lista de nome das plantas de cobertura estudadas, aparecem alguns conhecidos do sojicultor, como a crotalária (Crotalaria spectabilis), leguminosa de ciclo anual; braquiária ruziziensis (Urochloa ruziziensis), gramínea com grande produção de biomassa de parte aérea e raízes; o milheto (Pennisetum glaucum), gramínea de crescimento rápido; e o feijão guandu (Cajanus cajan), uma espécie de leguminosa. Em todos os casos – e alguns experimentos foram feitos misturando algumas espécies como também ocorre normalmente no campo – buscou-se, por meio de métodos científicos de medição bem consolidados, quantificar a biomassa, a produção, a distribuição de carbono no solo e as emissões de gases de efeito estufa no longo prazo.

 

Desempenho superior – Entre as espécies pesquisadas, a combinação de braquiária com crotalária e milheto aumentou o estoque de carbono em cerca de 19%, a saúde do solo em 13% e a produtividade da soja em 11%, quando comparada com os sistemas de manejo soja-milho ou soja-pousio. Essa combinação teve o melhor desempenho, destacando a importância da diversidade vegetal no sistema de produção da soja.

 

“Essa diversidade contribuiu significativamente para o aumento da matéria orgânica no solo. Esse acúmulo de matéria orgânica confere maior resiliência ao sistema em comparação aos modelos convencionais, como os de soja-milho ou soja-pousio. A diversidade de plantas também proporciona maior sequestro de carbono e matéria orgânica no solo, o que é essencial para mitigar as emissões de gases de efeito estufa", explica a pesquisadora.

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A braquiária, segundo ela, produziu uma grande quantidade de biomassa, em média 9 toneladas por hectare, o que é essencial para a saúde do solo, pois confere proteção contra temperaturas extremas, ajuda na retenção de água, entre outros benefícios. “Verificamos que índices mais elevados de saúde do solo, em geral, podem reduzir em até 26% a variabilidade da produtividade da soja, ou seja, deixam os sistemas de produção mais estáveis, eficientes e sustentáveis e, logo, ambientalmente corretos”, complementa.

 

Segundo a pesquisadora, o estudo trará uma avaliação importante para o cálculo do balanço de carbono de sistemas agrícolas e para a definição de opções de manejo de soja mais promissoras para a mitigação das alterações climáticas.

 

Reduzir as emissões no Cerrado é uma demanda urgente, visto que este bioma contribui significativamente nas emissões brasileiras, e o Mato Grosso é o líder em emissões (SEEG, 2022). Assim, e sistemas agrícolas mais diversificados como estes testados nos estudos em Goiás e Mato Grosso, são alterativas muito promissoras para o Brasil. Em estudo recentemente publicado pelo grupo, verificou-se que essas práticas têm enorme potencial em escala nacional. Agora, o grupo de pesquisa está buscando refinar as informações do balanço de carbono a partir da quantificação a nível de talhão.

 

Saiba mais sobre plantas de cobertura no Guia Prático de Plantas de Cobertura, publicado pelo grupo de pesquisa.

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Sobre o RCGI – O Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI) da USP é um Centro de Pesquisa em Engenharia, criado em 2015, com financiamento da FAPESP e de empresas por meio dos recursos previstos na cláusula de P,D&I dos contratos de exploração e produção de petróleo e gás. Atualmente estão em atividade cerca de 60 projetos de pesquisa ativos (em um histórico de 110), ancorados em oito programas: Solução Baseada na Natureza (NBS – Nature Based Solution); Captura e Utilização de Carbono (CCU – Carbon Capture and Utilization); Bioenergia, Captura e Armazenamento de Carbono (BECCS – Bioenergy with Carbon Capture and Storage); Gases de Efeito Estufa (GHG – Greenhouse Gases); Advocacy; Núcleo de Inovação em Sistemas de Energia (InnovaPower); Descarbonização; e Centro 2 Centro (projetos em colaboração direta com centros de pesquisa dos Estados Unidos). Recentemente, o RCGI lançou um novo hub de pesquisa, o Geostorage, dedicado ao armazenamento em larga escala de energia e CO2. O RCGI, que conta com cerca de 600 pesquisadores, mantém também colaborações com diversas instituições, como Oxford, Imperial College, Princenton e o National Renewable Energy Laboratory (NREL).

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