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Infância Yanomami: estudo apresenta riqueza cultural e os desafios urgentes para proteger crianças e jovens na maior Terra Indígena do Brasil

  • Foto do escritor: Solano Ferreira
    Solano Ferreira
  • há 1 dia
  • 3 min de leitura

A publicação sistematiza a visão Yanomami sobre a infância e aponta caminhos para proteger essa geração e as próximas diante dos desafios socioambientais

  

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Todas as fotos fazem parte do relatório UNICEF


Brasília, 15 de outubro de 2025 - Três em cada quatro Yanomami são crianças, adolescentes ou jovens. Essa realidade, em que 75% da população tem menos de 30 anos, mostra a centralidade da infância e da juventude para o futuro do povo que vive na maior terra indígena do Brasil, com 9,6 milhões de hectares, nos estados de Roraima e Amazonas. Um novo relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), com apoio da Hutukara Associação Yanomami (HAY), revela como é nascer e crescer Yanomami, trazendo à luz tanto a riqueza cultural desse modo de vida quanto os desafios que precisam de atenção urgentes diante de violações sistemáticas de direitos. 


O estudo “Infância e Juventude Yanomami: O que significa ser criança e os desafios urgentes na Terra Indígena Yanomami”, lançado pelo UNICEF Brasil a poucos dias da CP30, reúne uma visão abrangente da infância e da juventude Yanomami a partir de sua própria visão de mundo. O levantamento, elaborado com base em documentos, coleta de dados, estudos antropológicos, depoimentos de lideranças e experiências de vida, sistematiza a forma como esse povo compreende a infância e o papel das novas gerações em sua comunidade à luz dos desafios colocados para crianças e jovens. 

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O perfil Yanomami 


O povo Yanomami é um dos maiores grupos indígenas do Brasil, com cerca de 31 mil pessoas vivendo em 376 comunidades nos estados de Roraima e Amazonas. Para eles, ser criança é crescer em liberdade: meninos e meninas participam desde cedo das atividades cotidianas da aldeia, acompanham suas mães na colheita e seus pais na caça, brincam na floresta, observam os rituais coletivos e aprendem a viver em comunhão com a natureza.  


Esse modo de vida, profundamente conectado à floresta, tem sido ameaçado ao longo da história. Em 2023, por exemplo, a declaração da Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN) jogou luz sobre o impacto de mais uma invasão de garimpo ilegal, quando estimadas 20 mil pessoas ocupavam o território. As consequências foram a forte elevação nos casos de malária e outras doenças, a desestruturação dos processos de caça, coleta e manutenção de roças, além de contaminação por mercúrio – o que, aliado há época à desestruturação do sistema de saúde, elevou os casos (e óbitos) por desnutrição no território, principalmente de crianças na primeira infância.  


O estudo aborda ainda como crianças e jovens se relacionam com o mundo não indígena, além de retraçar histórico do atendimento de saúde e educação para essas populações.

“Este estudo traz uma mensagem poderosa: qualquer programa ou serviço para a população Yanomami precisa compreender e respeitar sua visão de infância e juventude. Proteger as crianças Yanomami exige respeitar suas especificidades, diversidades e cultura, fortalecer suas organizações indígenas, proteger seu território e garantir que suas vozes sejam ouvidas na formulação de políticas, entendendo seus anseios e desejos em um mundo em transformação. É um chamado à ação imediata para garantir o futuro de uma geração inteira”, afirma Joaquin Gonzalez-Aleman, representante do UNICEF no Brasil. 


O documento mostra os costumes e práticas relacionados a nascer e crescer na Terra Indígena. As crianças aprendem observando e participando da vida coletiva – seja nas roças, nas caçadas ou nos rituais de passagem de ciclos de vida. Essa visão de infância contrasta com as ameaças causadas pela dificuldade de providenciar, de forma contínua, serviços e políticas adequadas às especificidades e diversidade dos Yanomami. 

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Recomendações 


A partir das vozes Yanomami e da análise antropológica, o estudo aponta caminhos centrais: 


  • Fortalecer políticas públicas específicas e diferenciadas para os povos Yanomami.


  • Combater o garimpo ilegal e garantir a proteção territorial como condição básica para a sobrevivência, garantindo a preservação de sua cultura e modos de vida. 


  • Reconhecer e apoiar as organizações Yanomami, que representam grupos de diferentes regiões da floresta, e que têm papel central na defesa dos direitos e na mobilização comunitária. Qualquer ação a ser realizada na Terra Indígena Yanomami deve ocorrer em diálogo com as associações que pactuaram e produziram juntos o Plano de Gestão Territorial e Ambiental da Terra Indígena Yanomami (PGTA). 


  • Escutar as crianças e os jovens Yanomami: a grande demanda desses jovens por acesso a novos conhecimentos, incluindo o uso de novas tecnologias, deve ser levada a sério, sobretudo como ferramentas na luta por respeito à sua dignidade. 

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Uma construção coletiva 


Com apoio da Hutukara Associação Yanomami (HAY) e da Urihi Associação Yanomami, o estudo foi realizado pelos consultores e antropólogos Ana Maria Machado e Marcelo Moura. A publicação é uma iniciativa da área de Mudança Social e de Comportamento (SBC, pela sigla em inglês) e da Coordenadoria para Assuntos Indígenas do UNICEF Brasil, com financiamento da União Europeia, por meio do Departamento de Proteção Civil e Ajuda Humanitária (ECHO).

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Veja o estudo aqui:



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