Lançamento: inventário de emissões do transporte rodoviário brasileiro
- Solano Ferreira
- há 1 hora
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Os resultados apontam mudanças no perfil das emissões ao longo dos anos. No caso do material particulado, por exemplo, o total emitido caiu ao longo do tempo, especialmente a partir do início dos anos 2000, impulsionado pelos avanços tecnológicos que reduziram a poluição proveniente da combustão. Porém, com a expansão da frota, a participação das emissões do desgaste de pneus e pavimentos aumentou e hoje respondem por cerca da metade das emissões totais.
Com relação ao aumento de dióxido de carbono equivalente, o estudo mostra que a tendência acompanha o crescimento da frota e o uso mais intenso dos veículos no país. Entre 2012 e 2024, o aumento acumulado foi de aproximadamente 8%. Em 2024, os automóveis responderam por 34% das emissões totais, enquanto caminhões semipesados ficaram com 22%, reforçando a relevância tanto do transporte individual quanto do transporte de cargas na contribuição climática do setor.
A atualização traz um panorama que cobre mais de quatro décadas, de 1980 a 2024, e avança ao contabilizar não apenas os principais gases de efeito estufa (dióxido de carbono, metano e óxido nitroso) e os poluentes regulamentados pelo Proconve como material particulado, gerado pelo combustível, mas também o material particulado gerado pelo desgaste de freios, pneus e pista e o black carbon (carbono negro), um poderoso poluente climático de vida curta, incluído pela primeira vez. O estudo analisa as emissões por tipo de veículo, combustível e fase do Proconve.
Veja os principais resultados do estudo:
Monóxido de carbono (CO)
Suas emissões tiveram queda acentuada desde 1991, passando de 5,5 milhões para 1 milhão de toneladas em 2024, um dos maiores casos de sucesso do Proconve e do Programa de Controle da Poluição do Ar por Motociclos e Veículos Similares no Brasil (Promot).
Óxidos de nitrogênio (NOx)
Os veículos pesados a diesel são os principais emissores. Estas cresceram entre 1985 e 1998, alcançando 1,3 milhão de toneladas no fim dos anos 1990. Em 2024, o total estimado foi de 0,6 milhão de toneladas, e a maior parte continua concentrada nos veículos de carga: caminhões pesados e semipesados foram responsáveis por quase 60% das emissões, enquanto ônibus e micro-ônibus responderam por 9%. Por tipo de combustível, o diesel representou 87% das emissões em 2024, seguido por gasolina C (10%), etanol (2%) e GNV (1%).
Material particulado (MP)
As emissões por combustão cresceram até 2000, chegando a 64 mil toneladas, e caíram continuamente até menos de 18 mil toneladas em 2024. A participação dos pesados segue elevada: caminhões pesados e semipesados respondem por 57% das emissões, e ônibus urbanos e micro-ônibus por 6%. Já os automóveis contribuem com apenas 5% das emissões de combustão, mas, quando se considera o material particulado total (combustão quanto desgaste) sua participação sobe para 23%. Em 2024, o material particulado total alcançou 38 mil toneladas, divididas aproximadamente igualmente entre combustão e desgaste.
Carbono negro ou black carbon (BC)
Pela primeira vez, o inventário estima as emissões de black carbon, um poluente climático de vida curta que compõe uma fração do material particulado e tem impactos diretos tanto no aquecimento global quanto na saúde. Em 2024, as emissões provenientes do escapamento ultrapassaram 8 mil toneladas.
Metano (CH₄)
Este é um poluente com alto potencial de aquecimento global. Suas emissões vêm caindo desde os anos 1990 devido ao avanço tecnológico. Em 2024, automóveis foram os maiores emissores (45%), seguidos por comerciais leves (21%) e caminhões pesados (11%).
Hidrocarbonetos não metano (NMHC)
Houve grande redução das emissões entre os anos 1990 e 2017, seguida de estabilização recente: desde 2017, a variação foi de apenas 3%. Em 2024, automóveis responderam por 72% das emissões, motocicletas por 12% e comerciais leves por 7%.
Óxido nitroso (N₂O)
Estas emissões vêm crescendo acompanhando o aumento e a renovação da frota. Isso porque tecnologias como catalisadores que reduzem óxidos de nitrogênio (NOx), podem aumentar a formação de N₂O. Em 2024, 63% das emissões vieram de automóveis, 10% de comerciais leves, 18% de caminhões pesados e semipesados, 3% de ônibus urbanos e micro-ônibus e 1% de motocicletas.
Dióxido de carbono (CO₂)
O inventário contabiliza apenas as emissões de escapamentos. Há tendência de crescimento contínuo desde 1980, com estabilização após 2014 e nova alta nos anos seguintes. Em 2024, o setor emitiu 270 milhões de toneladas de CO₂. Os automóveis responderam por 42%, os caminhões somados a todos os tipos por 40%, comerciais leves por 8%, ônibus e micro-ônibus por 8%, e motocicletas por 3%.
Dióxido de carbono equivalente (CO₂eq)
Em 2024, as emissões totais de CO₂eq, que incluem CO₂, CH₄ e N₂O, somaram 204 milhões de toneladas, sendo que automóveis representaram 34% das emissões totais de CO₂eq, e caminhões semipesados, 22%. O CO₂ foi responsável por 97% de todas as emissões em CO₂eq do setor.
Sobre a frota nacional
A frota brasileira de veículos cresceu de forma contínua desde 1980 e alcançou mais de 71 milhões de veículos em 2024. Desse total, 63% são automóveis, 25% motocicletas, 9% comerciais leves, 3% caminhões e menos de 1% ônibus. A frota de veículos pesados (caminhões e ônibus) ultrapassou 2,5 milhões de unidades, distribuídas entre caminhões pesados (29%), semipesados (24%), médios (10%), leves (17%) e semileves (4%), além de ônibus urbanos (10%), rodoviários (2%) e micro-ônibus (4%).






