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Peixe amazônico põe ovos fora d’água e se reproduz em estações chuvosas

  • Foto do escritor: Solano Ferreira
    Solano Ferreira
  • 6 de jun.
  • 3 min de leitura
Peixe tetra splash deposita ovos em folhas fora d’água e depende da umidade para manter a prole hidratada. - Foto: Aquario Amazônico da UFPA
Peixe tetra splash deposita ovos em folhas fora d’água e depende da umidade para manter a prole hidratada. - Foto: Aquario Amazônico da UFPA

Peixes da espécie Copella arnoldi, conhecidos como tetra splash, apresentam maior atividade reprodutiva durante a estação chuvosa, segundo estudo publicado na revista Neotropical Ichthyology. Com comportamento raro entre os peixes, esses animais depositam seus ovos fora d’água, em folhas acima do nível dos rios. A pesquisa foi conduzida por cientistas da Universidade Federal do Pará (UFPA) e contribui para o manejo sustentável da espécie, muito usada como peixe ornamental.


O estudo avaliou 171 indivíduos capturados no rio Taiassuí, no nordeste do Pará, entre agosto de 2016 e junho de 2017. Os pesquisadores analisaram o desenvolvimento dos órgãos reprodutivos e observaram que machos e fêmeas atingem a maturidade sexual a partir de 18 mm de comprimento corporal, com 100% deles capazes de se produzir aos 21 mm. Esse parâmetro é essencial para orientar políticas de captura que preservem a reprodução da espécie. 


“Esse dado pode ser usado para a elaboração de políticas ou planos de captura que garantam que apenas indivíduos sexualmente maduros sejam capturados para o comércio de peixes ornamentais, o que evitaria a captura de juvenis e a manutenção de um bom tamanho populacional”, explica Rafael Farias, autor do estudo.


A análise dos índices gonadossomáticos (relação entre o peso das gônadas — ovários ou testículos — e o peso corporal) revelou dois picos reprodutivos ao longo do ano: em dezembro, início da estação chuvosa, e em abril, quando as chuvas atingem seu auge. É nesse período que os peixes depositam os ovos em folhagens acima do nível do rio. Copella arnoldi é a única espécie neotropical de água doce conhecida por realizar saltos de desova. 

Outras duas espécies semelhantes também botam ovos fora d’água, mas apenas sobre superfícies sólidas próximas à margem — pedras, troncos ou folhas estáticas expostas fora do rio. A sincronia com o período úmido parece reduzir o risco de desidratação dos ovos, que ficam expostos ao ar atmosférico durante seu desenvolvimento


Para evitar a perda de umidade, os machos salpicam água sobre os ovos aproximadamente a cada minuto. Com o aumento da umidade ambiental, esse intervalo pode ser ampliado, tornando o esforço dos machos menor.


A pesquisa também estimou que as fêmeas produzem cerca de 148 oócitos (células germinativas) por ciclo, dos quais 47 são maduros e prontos para fertilização. Esse padrão sugere desova em lotes parciais, o que pode indicar maior capacidade de resposta a mudanças ambientais.


Farias também alerta que a dependência da umidade ambiental torna a espécie vulnerável às mudanças climáticas. “Caso as mudanças climáticas ocasionem maior estiagem, estações chuvosas mais curtas ou menos intensas, é provável que os ovos fiquem mais suscetíveis à desidratação”, afirma. 


Segundo ele, isso exigiria maior esforço dos machos na hidratação dos ovos, aumentando sua exposição a predadores e comprometendo o sucesso reprodutivo.  “Não sei dizer se isso significaria a extinção da espécie, mas é certo que aquelas com nicho ecológico muito restrito são as primeiras a sofrer com as mudanças climáticas”, argumenta.


Os próximos passos da pesquisa devem incluir a análise da influência da qualidade ambiental sobre a reprodução da espécie. “Desse modo, poderíamos verificar como essa espécie se comporta em ambientes íntegros ou degradados”, afirma o pesquisador.


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